terça-feira, 24 de julho de 2012

Guarda evita fuga em massa do Provisório

 
Data: 24 julho 2012 - Hora: 15:04 - Por: Alessandra Bernardo
Fonte: jornaldehoje.com.br



Agentes do Grupo de Operações Especiais foram chamados e controlaram a situação no Presídio Provisório Professor Raimundo Nonato Fernandes, no conjunto Santarém, onde dezenas de presos estão foram das celas por falta de abastecimento d’água. Foto: José Aldenir

Um detento do Presídio Provisório Raimundo Nonato Fernandes, na zona Norte de Natal, fugiu por um túnel construído embaixo de uma das guaritas, durante a madrugada de hoje. A ação rápida de um policial militar da gu
arda interna, que estava próximo ao local e percebeu a ação, conseguiu evitar que os outros 149 presos do Pavilhão A também fugissem, dando vários tiros de alerta. Os 361 presos da unidade estão soltos nos dois pavilhões há cerca de uma semana por falta d’água nas celas.
Segundo o diretor do Presídio Provisório, Francisco Renilson da Silva, os presos do Pavilhão A cavaram um túnel por baixo do muro que dá acesso à rua lateral ao presídio, próximo a uma fossa. Foi por lá que Alan Diego Melo da Costa, 22 anos, conseguiu escapar antes que os agentes penitenciários pudessem evitar a evasão. Os outros presos já se preparavam para escapar, um deles já estava dentro do buraco, quando foram flagrados e tiveram que retornar.
“Se o guariteiro não tivesse percebido, certamente teríamos tido uma fuga em massa, já que haviam cerca de 150 detentos no local e todos eles estavam soltos na área interna e externa do pavilhão. Foi necessário atirar para o alto, para alertar aos outros policiais da guarda e os agentes penitenciários, sobre o fato. Pela manhã, realizamos a contagem e felizmente, só um fugiu”, explicou.
Francisco disse que os detentos estão soltos nas celas e nas quadras poliesportivas há uma semana por causa de um problema no abastecimento de água do Provisório. Ele disse que já foi solicitado o conserto da caixa d’água do presídio, o que deve acontecer nos próximos dias. Com isso, eles retornarão para as celas.
“Não temos condições de mantê-los trancados nas celas, dentro dos pavilhões, numa situação extrema como essa. Por isso, optamos por deixá-los livres dentro das duas estruturas, para que eles não se revoltem e depredem os ambientes. Felizmente, nossa solicitação de reparo da caixa d’água já foi atendida e esse transtorno já está sendo solucionado e a nossa expectativa é que nos próximos dias tudo seja resolvido”, afirmou o diretor.

Bomba de efeito moral para conter detentos

Após o alerta de fuga, os agentes penitenciários entraram em ação dentro da unidade. Os presos do Pavilhão A, onde ocorreu a tentativa frustrada de fuga em massa, foram mantidos dentro da quadra, para a revista das celas, que foi realizada com o apoio dos agentes penitenciários do Grupo de Operações Especiais (GOE). Após a vistoria, foi realizada a contagem dos presos, para saber qual deles havia escapado.
Na manhã de hoje, os presos ficaram agitados durante o procedimento de revista e foi necessário explodir uma bomba de efeito moral na unidade prisional para que eles se acalmassem e permanecessem quietos. Após isso, o clima voltou a ser de tranquilidade no Presídio Provisório da Zona Norte de Natal.
O preso que conseguiu escapar, Alan Diego, é acusado de assalto à mão armada e veio transferido recentemente de Mossoró. Segundo o diretor do Provisório, Francisco Renilson da Silva, ele é considerado perigoso e a Polícia Militar está à sua procura desde o alerta da fuga, que aconteceu por volta das 3h30 da madrugada.

Falta de água e energia são constantes

Em maio passado, os presos do Presídio Provisório Raimundo Nonato também passaram um tempo fora das celas. Na época, o problema era a falta de energia que afetava os detentos do local. Resolvido o problema, agora, o que atormenta a vida dos detentos e dos agentes penitenciários é a falta de água, o que torna a vivência na unidade uma gangorra de privações.
A situação mostra a realidade problemática do sistema carcerário no Rio Grande do Norte, com unidades prisionais sem a mínima infraestrutura para o abrigo dos detentos e de trabalhos para os agentes, que reivindicam uma série de melhorias estruturais e de remuneração. Durante a abortagem da fuga em massa na madrugada de hoje, os policiais das guaritas (ou guariteiros) não tinham um radio para se comunicar, conforme relatou o diretor da unidade.

Presos ajudam a tampar o buraco da fuga

Por volta das 9h30 de hoje, dois detentos foram chamados para ajudar os agentes penitenciários a tampar o buraco aberto para a fuga em massa. Com carrinhos de mão, eles levaram areia, pedras de granito e brita, além de cimento, para concretar a entrada do túnel, que foi escavado nos últimos dias, quando os presos já estavam soltos dentro do pavilhão e na quadra de esportes.
A primeira entrada a ser fechada foi a que dava acesso a uma das celas do Pavilhão A, enquanto os presos passavam pela contagem, que foi auxiliada por agentes do Grupo de Operações Especiais. O túnel, que saía próximo ao muro externo do Presídio Provisório Raimundo Nonato Fernandes, foi escavado próximo à área de banho dos presos, segundo informou o diretor da unidade, Francisco Renilson.
Ele saiu por volta das 10h30, quando falou com a imprensa. Tranquilo, o diretor lembrou que a fuga está diretamente relacionada ao mal-estar sentido pelos presos, pela falta de água dentro das celas.
“Eu tenho mais de dez homens presos em uma única cela, que foi projetada para comportar apenas quatro. Por isso, é natural que eles se sintam desconfortáveis e queiram fugir. Felizmente, estávamos atentos e impedimos uma fuga em massa. Aqui, temos presos acusados de vários crimes, desde assaltos a homicídios”, falou.

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